23. Nos teus braços morreriamos de Pedro Paixão
Hanna pede um Campari com sumo de laranja. Eu peço o mesmo. É detestável. Estamos de pé no meio de uma multidão. A música, que eu não consigo identificar, está demasiado alto. Digo-lhe: No fundo somos todos iguais. Ela não concorda. Eu explico-me. Todos nós sabemos o que é ter medo, todos nós temos ambições e sofremos desilusões, todos vivemos de preocupações que se vão sucedendo, todos sabemos que a vida não se repete e que para todos, todos os que estamos ali naquele preciso momento por exemplo, mais tarde ou mais cedo, aquilo a que nós chamamos vida sem saber bem o que dizemos, vai acabar. Ela diz que tenho razão. Digo-lhe para vir sentar-se comigo num sofá que se vê num canto da sala em que há menos gente. Ela segue-me. Sentamo-nos e ficamos a olhar para as pessoas que se acumulam junto ao bar com medo de um outro se perderem.